O mercado imobiliário brasileiro começa a se recuperar. A melhora no volume de lançamentos e de unidades residenciais vendidas no terceiro trimestre deste ano são indicativos de um ciclo consistente de retomada.

Esse momento favorável pode ser abalado, segundo o setor, pela redução de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) disponíveis para habitação e o corte nos repasses e subsídios do Minha Casa Minha Vida.

O programa habitacional ainda responde por mais da metade dos (56,9%) dos lançamentos no terceiro trimestre deste ano.

Os indicadores imobiliários divulgados pela Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) nesta segunda-feira (25) mostram um aumento de 23,9% no volume de lançamentos no país no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Nos primeiros nove meses deste ano, o número de lançamentos ficou em 82.044 unidades, conforme antecipou o Painel S.A. nesta segunda. Em 2018, entre janeiro e setembro foram registrados 70.059 lançamentos.

Para o presidente da Cbic, José Carlos Martins, os números demonstram consistência na recuperação do setor, que aposta em resultados ainda melhores no trimestre final deste ano.

O resultado das vendas no terceiro trimestre também estão positivos; a alta é de 15,4%. Foram 32.575 unidades residenciais comercializadas, ante 28.218 no mesmo período em 2018.

Ante o trimestre anterior, as vendas caíram 4,9%. José Carlos diz que a queda é sazonal e já esperada, ocorrendo tradicionalmente nos primeiros e terceiros trimestres de cada ano.

Os números são positivos em São Paulo e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte e Curitiba, por exemplo. Segundo a Cbic, a recuperação chega mais cedo e de modo mais consistente onde a economia depende menos do estado.

“São Paulo é quem está puxando o mercado imobiliário, mas outras regiões começam a manter os resultados”, afirma o presidente da Cbic.

Os números vão bem, mas o financiamento da habitação popular preocupa. O Minha Casa Minha Vida ainda responde a 56,9% dos lançamentos no terceiro trimestre deste ano. A participação é relevante também em São Paulo, onde representa 44% dos lançamentos e 46% das vendas.

Crítico da liberação de recursos do FGTS para o estímulo ao consumo, o presidente da Cbic diz que a habitação de médio e alta padrão encontrará outros caminhos para o crédito, mas que o crédito para os mais pobres ainda precisa de soluções.

Recuperação do mercado imobiliário

“Todas as projeções são de otimismo, mas a fonte de financiamento é uma preocupação. Temos certeza que o mercado de classe média vai embora, vai em frente, mas nos preocupa o orçamento cada vez menor justamente onde se concentra o déficit”, diz.

Na região Sudeste, que concentra o volume de lançamentos e vendas no país, 9.749 unidades lançadas no terceiro trimestre integram o Minha Casa Minha Vida. Nos demais padrões foram 8.880.

O vice-presidente da área imobiliária da Cbic, Celso Petrucci, avalia que o patamar de juros e inflação baixos, e o novo modelo de financiamento iniciado pela Caixa, que considera o IPCA (inflação oficial) na correção, abrem a possibilidade de entrada de novos modelos de concessão de crédito, com outros agentes e novos produtos.

No fim de outubro, a Caixa anunciou a redução na taxa mínima de juros do crédito imobiliário. Em agosto, lançou a operação que substitui os juros fixos pelo IPCA, e prevê lançar em 2020 um modelo de crédito prefixado.

“Para famílias com renda acima de R$ 2.600, não temos dúvidas de que o mercado resolverá a questão, mas quem está abaixo disso, ainda há a necessidade de subsídio ou desconto”, explica.

O mercado para famílias mais pobres está diante de cortes e atrasos no Minha Casa Minha Vida e a redução no orçamento do FGTS para habitação. Além disso, o governo federal vem estudando a redução no acesso de famílias de baixa renda a imóveis subsidiados pelo programa.

Para 2020, o Minha Casa Minha Vida terá o menor volume de recursos da história. Neste ano, o governo está devendo R$ 500 milhões a empresas que, em sua maioria, fazem habitações na faixa 1 do programa, para famílias com renda mensal até R$ 1.800.

A redução do volume de recursos do fundo de garantia para a habitação vem sendo alvo de críticas do setor imobiliário, que quer ouvir do governo uma solução também para os subsídios. Há a previsão de uma reunião com a equipe econômica para discutir o assunto.

Cálculos do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário de SP) apontam que as liberações de saque do FGTS colocam os financiamentos da habitação popular em risco para 2020 e 2021. Para 2022, a perspectiva é de já não haja dinheiro para crédito mais.

Além dos lançamentos, o balanço de indicadores da Cbic apontou melhora nas vendas de unidades, que cresceram 15,4% no terceiro trimestre,

mas caíram 4,9% na comparação com o período anterior. José Carlos diz que a queda é sazonal e já esperada, ocorrendo tradicionalmente nos primeiros e terceiros trimestres de cada ano.

De julho a setembro deste ano, 32.575 unidades residenciais foram vendidas nas 17 cidades e dez regiões metropolitanas analisadas pela Cbic. No mesmo trimestre em 2018 foram 28.219. Em 12 meses até setembro, o setor acumula 129.139 unidades vendidas.

Os números são positivos em São Paulo e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte e Curitiba, por exemplo. Segundo a Cbic, a recuperação chega mais cedo e de modo mais consistente onde a economia depende menos do estado. “São Paulo é quem está puxando o mercado imobiliário, mas outras regiões começam a manter os resultados”, afirma o presidente da Cbic.