Hora de fazer a previsão orçamentária

Nessa época do ano, os síndicos começam a fazer a previsão orçamentária, estimativa de gastos até dezembro de 2017. O levantamento é fundamental para que o condomínio não fique no vermelho e exija cota extra dos condôminos, caso seja necessário. A reportagem ouviu especialistas para esclarecer como funciona esse planejamento financeiro dos condomínios. Arnon Velmokitsky, advogado especialista em Direito Imobiliário e diretor da Bervel Administradora, explica que a Assembleia Geral Ordinária é fundamental para estimar os custos dos próximos meses. A medida é essencial para a programação do fundo d o caixa do condomínio, deixando os moradores mais seguros para prever o orçamento e evitar atrasos.

“Vale salientar que uma previsão orçamentária bem estudada e efetivamente implementada resulta no sucesso da administração, evitando a incidência de déficits e consequentes desgastes com cobrança de juros”, afirma Velmokitsky. De acordo com o especialista, é necessário consultar a convenção de condomínio para verificar se há previsão quanto à data da assembleia. É indispensável fazer uma previsão orçamentária relativa aos gastos do exercício em curso, verificando reajustes previstos nos contratos, bem como estimar o percentual do dissídio coletivo anual dos funcionários do prédio e do alinhamento das tarifas das concessionárias de serviços públicos (luz, gás e água-esgoto).

Segundo ele, a inadimplência deve ser combatida. “Converse com o morador para encontrar alternativas para o pagamento das dívidas anteriores”, diz. Na prestação de contas do síndico, deverá constar a relação das unidades inadimplentes e as providências tomadas. O condômino que ultrapassar três ou quatro cotas condominiais sem pagamento deverá ser acionado na justiça, adverte Velmokitsky.

PREVENÇÃO À INADIMPLÊNCIA

Para o advogado André Luiz Junqueira, o síndico deve avaliar bem a pertinência de cada despesa e se ela segue as formalidades previstas nas normas do condomínio. O prédio não pode se dar ao luxo de descumprir essas regras e gerar discussões judiciais que vai onerar o condomínio. Também deve haver apoio de prevenção e combate à inadimplência. Outra sugestão é a criação ou reajuste de taxa de uso de partes comuns, após uma análise jurídica e eventual adaptação da convenção. “Conforme o caso, o condomínio pode instituir taxas de ocupação para suas áreas comuns, como garagem, bicicletário, academia ou quadra”, explica Junqueira.

Ele diz, ainda, que é preciso verificar a possibilidade jurídica de alugar partes comuns para condôminos, ocupante ou para terceiros. O objetivo é gerar receita extra com áreas comuns. Mas também é preciso ter cuidado de avaliar bem a convenção e verificar se não há desrespeito à destinação do condomínio, demais áreas comuns e exclusivas. O regime de aplicação de multas por danos em áreas comuns também contribui para o orçamento. Em condomínios com muitas áreas comuns, o gasto de manutenção extraordinária dessas áreas por conta de mau uso pode prejudicar o orçamento. “O condomínio deve ter uma rotina bem montada para comprovação desses danos e previsão adequada na convenção para aplicação de penalidades. Prevenir atitudes que podem gerar danos ajudará a manter o orçamento. E, por outro lado, caso tais danos ocorram, a multa será mais uma receita que será revertida ao condomínio”, conclui Junqueira.

O gerente do núcleo de consultores da Apsa, Valnei Ribeiro, diz que o primeiro ponto é verificar se as receitas são maiores do que a despesas. Se não forem, é necessário atacar certos gastos. Há três contas que precisam ser verificadas com mais atenção: a folha de pessoal e as contas de água e de energia elétrica. Juntas, essas despesas equivalem a cerca de 75% do orçamento. “Dentro da folha de pessoal, é importante observar se há excessos de horas extras a serem pagas. Nos outros quesitos, se as contas estiverem altas, vale fazer campanhas de conscientização para reduzir o consumo de água e luz”, explica Ribeiro.

Economia

SALÁRIOS

Não se esqueça de prever os aumentos dos funcionários na estimativa anual e o 13º. O reajuste ocorre anualmente em abril, conforme data-base da categoria. Nem sempre há consenso. E isso, às vezes, atrasa o pagamento do reajuste, gerando diferenças que devem ser provisionadas. O aumento segue o índice da inflação do ano anterior. Quanto ao abono salarial, cabe à assembleia decidir a forma do seu rateio (em cotas mensais ou em duas cotas no fim do ano).

IMPOSTO DE RENDA

Cuidado para não atrasar a entrega da declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF). O prazo é até 15 de fevereiro.

INSPEÇÃO

Faça uma inspeção geral no condomínio e veja onde pode economizar e o que tem que ser feito para evitar desperdícios, como vazamentos em canos.

LÂMPADAS DE LED

Para economizar energia, uma boa opção é instalar lâmpadas de LED, sensores de presença e verificar onde existem mais lâmpadas que o necessário.

ELEVADORES

Os elevadores podem ser desligados durante as horas de menor fluxo.

BANHEIROS

Instale válvula dupla nas descargas dos banheiros das áreas comuns e redutor de vazão nas torneiras.

MÃOS À OBRA

Apesar da crise, pode ser um bom momento para obras que gerem economia. Analise a possibilidade de implantar sistema de reuso de água da chuva.

ENERGIA SOLAR

Os painéis fotovoltaicos, que armazenam energia solar, também são um bom investimento. O condomínio pode usá-los para manter as luzes acesas durante a noite.

REGARO JARDIM

Peça ao zelador para fazer manutenção do jardim com regador. A mangueira deve ser abolida para limpeza de calçadas ou áreas comuns.

ANTENAS DE TV

O aluguel da cobertura para empresas instalarem antenas de TV pode ajudar a arrecadar dinheiro.

Fonte: Jornal O Dia – 05/02/2017