tijolo

Em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, uma turma de estudantes de engenharia civil da Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso) desenvolveu um projeto que tem como prioridade preservar o meio ambiente. Os alunos criaram tijolos, concreto, filtro e outros materiais ecologicamente corretos.

O tijolo, por exemplo, é feito de areia e cimento. “A gente faz a cura com a água. A gente hidrata o tijolo durante uma semana e deixa ele descansando para ganhar aderência”, disse Giulia Bezerra. Em média, o produto custa R$ 1 a unidade, valor 40% maior do que o tijolo comum.

“Ele é mais caro, mas tem bastante vantagem. No caso da construção de uma casa, eu não vou gastar com madeira, quebra porque através desses buracos a gente pode fazer instalação hidráulica e elétrica também. Aí acaba que no final o custo fica menor”, disse.

Também foi desenvolvido um concreto permeável de segunda camada. Nele, a água é absorvida rapidamente e pode ser levada para o lençol freático – uma novidade que traz facilidades para os motoristas e para os pedestres.

“É indicado para áreas de veículos de pessoas ou ciclistas, e alguns carros leves. Mas não caminhões. Porque justamente quanto a gente retira a água e outros elementos dele, ele fica uma peça menos resistente”, disse o aluno Matheus Eduardo Bueno.

O preço da inovação é maior, mas o resultado compensa, opinou o estudante. “Os problemas com água empoçada dentro de casa, a chuva quando vem mais forte e ir para áreas da varandas, você não vai ter esse problema. O maior é o custo sim, mas ainda há o preconceito por parte dos consumidores em adotar os sistemas novos e novas tecnologias construtivas”, disse.

O grupo de alunos criou ainda outro sistema inovador: um filtro que pode reaproveitar a água da chuva de uma maneira simples e que utiliza materiais de fácil acesso, como areia e carvão.

“Um sistema muito fácil de fazer, que é basicamente para coletar água de chuva, água que foi utilizada em máquinas, reutiliza para limpar calçadas.e le é composto basicamente por brita, que é brita 1, brita 2, pedrisco, depois a gente coloca carvão e areia. Em seguida, o concreto permeável”, disse a estudante Emanuely Cardoso.

As ideias produzidas pelos estudantes podem ser colocadas em pratica dentro de casa.

“Numa residência você pode aproveitar a água das calhas, que coloca pra ir tudo num tubo só e direto no do nosso reservatório. O nosso tem capacidade de 90 litros por hora. Então, se for fazer um telhado que seja muito grande, que aumente um pouco mais a dimensão dele. A legislação já exige que 2/3 do armazenamento da água da casa seja subterrânea, ou seja, é como se fosse a construção de uma cisterna ou de uma caixa d’água maior que fique no subsolo da casa”, explicou o estudante Deyvid Derik.

Um outro sistema criado para fazer a compressão pode ser utilizado em aterros. E o que os alunos querem mesmo é que um dia essas ideias possam estar ao alcance de todos. “Essa é a tônica da disciplina, inserir os alunos na discussão e esperar que eles levem isso em frente. Que isso seja aplicado na rua”, disse o coordenador dos trabalhos, professor Elias Antunes.

Fonte: G1 – 15/09/2016