painel solar

Em uma comunidade isolada de Ilhabela, no litoral norte paulista, Maria, 80, comemora o fato de aposentar o lampião a gás e deixar de salgar a carne para não estragar. Benedito, 55, poderá ligar o ventilador, e Rosângela, 49, o secador de cabelos.

Os moradores da praia do Bonete tiveram a rotina alterada no último mês, quando foi concluída a instalação de placas solares em todos os 180 imóveis da comunidade, onde só se chega de barco ou por uma trilha de duas horas.

Sem precisar depender de geradores ou da pequena hidrelétrica local, eles terão energia contínua para conservar alimentos na geladeira, assistir TV ou acender lâmpadas durante a noite.

Também os turistas, principal fonte de renda do Bonete, poderão ficar mais tempo na praia e serem melhor servidos.

A energia elétrica contínua era uma demanda antiga. “Perdíamos muitos alimentos, por falta de conservação. Muita gente também perdeu TV e geladeira, porque havia oscilação da energia”, diz o presidente da Associação Bonete Sempre, André Queiróz.

Há uma pequena hidrelétrica na praia, que abastecia o local por poucas horas por dia. A opção era o uso de um gerador, insuficiente para os 230 moradores.

Rosângela Rodrigues dos Santos Oliveira, 49, conta que já possuía a geladeira antes, mas que ela gelava durante o dia e descongelava durante a noite, quando a energia caía. “Com as placas está suficiente. Minha geladeira está funcionando até bem demais, uma maravilha”.

A instalação das placas de energia solar ocorreu por meio do Programa Luz para Todos, do governo federal, ao custo de R$ 5 milhões.

A Elektro, concessionária local, ficará responsável pela manutenção. Para aderir ao programa, os moradores tiveram que aceitar um termo e se comprometeram a pagar um valor fixo mensal de R$ 38.

O sistema não tem, porém, a mesma potência da rede de energia por cabeamento e ainda é restrita para usar chuveiro e máquina de lavar roupas.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo – 05/09/2016