Ao estudar as opções de financiamento para as obras do residencial Parque Jequitibá, na região de Bento Ferreira, em Vitória, a construtora Mazzini recebeu uma sugestão da Caixa Econômica Federal: obter qualificação para ganhar o Selo Casa Azul. Trata-se de uma certificação emitida pelo banco, atestando que o empreendimento adotou medidas para racionalizar o uso de insumos durante a obra e a ocupação, além de melhorar o conforto dos moradores.

A obtenção do selo é voluntária, e sua emissão é gratuita. A vantagem está em incluir o empreendimento no material publicitário da Caixa, além de funcionar como um diferencial nas vendas das unidades. Para isso, o projeto precisa atender a uma lista com 19 requisitos obrigatórios e até 12 opcionais, como ações para aumentar a eficiência energética, hídrica e lumínica do edifício, por exemplo.

No caso da Mazzini, isso foi relativamente fácil, pois o projeto inicial da construtora já contemplava a maioria das exigências. Daí veio a orientação da Caixa para que fizesse um pouquinho a mais e ganhasse o selo. Segundo o engenheiro e gerente de produção da construtora, Leonardo Zon, para isso foi necessário providenciar adaptações pontuais, que tiveram custos extras irrelevantes. “(Os requisitos) aumentam os custos, mas isso não prejudicou nosso orçamento porque nossos projetos já são concebidos com tecnologias sustentáveis. Então, tivemos que fazer poucos ajustes”, conta Zon. “Se um projeto tradicional, que não adota soluções sustentáveis desde o projeto original, quiser obter o selo, terá que fazer um bocado de adequações”, pondera o engenheiro.

Após as adequações do projeto, o residencial Parque Jequitibá foi o primeiro no Espírito Santo a conquistar o “nível ouro”, a mais alta graduação do Selo Casa Azul, que também tem os níveis prata e bronze. “O selo dá uma certa segurança para o cliente em função de estarmos certificados dentro de um programa da Caixa, que é o banco em que muitas pessoas fazem o financiamento do seu imóvel. Isso traz credibilidade para a construtora e para o empreendimento”, avalia Zon.

Ajustes no projeto

O Parque Jequitibá possui 62 unidades, com plantas de 60 m² a 170 m², sendo seis apartamentos por andar, distribuídos em uma única torre. As obras tiveram início em novembro de 2012 e foram finalizadas em maio deste ano. O residencial foi concebido com um viés de sustentabilidade também nos itens de condomínio, cujo diferencial é ter bicicletas e um carro para uso compartilhado. “Entregamos oito bicicletas comuns, duas elétricas e um carro para serem compartilhados entre os moradores. A dinâmica de como isso vai funcionar fica a cargo do próprio condomínio decidir, mas a ideia é disseminar a mobilidade por meios de transportes não poluentes e minimizar a quantidade de carros nas ruas”, relata Zon.

O condomínio conta também com itens mais convencionais, como academia, brinquedoteca, piscina e churrasqueira, dentre outros. A obra teve um custo total de R$ 9,9 milhões.

Dentre as modificações exigidas no projeto inicial, foi preciso aumentar a área de jardim, isto é, a área permeável. A mudança aumentou em 10% a área prevista no projeto original.

Outra mudança foi o aumento das janelas para proporcionar mais ventilação e iluminação nos corredores dos pavimentos. E, dentro das unidades, houve alteração nas esquadrias dos quartos para garantir ventilação permanente. Como a esquadria não poderia ser inteiramente fechada, a construtora criou um maxim-ar na parte superior. “O sistema funciona como se fossem básculas. Quando o morador fecha a esquadria embaixo, de correr, fica esse maxim-ar em cima promovendo a ventilação do ambiente”, explica Zon.

Os custos totais com esquadria de alumínio representaram 6,65% do total do orçamento (R$ 664,3 mil). Além desses pontos, uma mudança simples foi a cor do telhado. “Tinha de ser de cor clara para melhorar o conforto térmico da cobertura, sem o telhado passar o calor para o apartamento debaixo”, conta o engenheiro.

A equipe da Caixa fez as medições mensais para verificar o avanço físico da obra e liberar o financiamento. Nesse processo, também verificou se os itens para obtenção do selo estavam sendo cumpridos.

Obra

Localizado numa área de aterro, o terreno possui muitas camadas de areia, que diminuem a rigidez do solo. Diante desse cenário, a construtora optou por realizar as fundações em estaca trilho. O sistema consiste em trilhos metais – daqueles utilizados nas linhas de trem – cravados na rocha do solo, algo que, nesse caso, atingiu uma profundidade de 20 m a 25 m.

Após a cravação, foi feito um teste de carga para checar se a rocha abaixo do trilho daria a resistência estipulada no projeto. Por fim, foi feito um bloco de concreto que uniu a fundação à estrutura de concreto armado. “Já utilizamos essa fundação em outras obras daqui, e ela chega a ser comum porque o solo é próximo ao mar”, explica Zon.

A infraestrutura foi responsável por 8,07% do orçamento (R$ 806,1 mil), enquanto a superestrutura foi o item mais expressivo, chegando a 18,31% (R$ 1,8 milhão).

 

Fonte: Construção e Mercado – 14/08/2015