A partir desta sexta-feira, o Grajaú passa a ser considerado Área de Especial Interesse Ambiental (AEIA). É o que estabelece o decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes, e que será publicado amanhã no Diário Oficial do município, que também suspende, por 180 dias, licenciamentos de demolição, construção, acréscimo ou modificação, assim como reforma, transformação de uso, parcelamento do solo ou abertura de logradouro no bairro. Segundo o presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Washington Fajardo, este é o primeiro passo para que o Grajaú ganhe uma Área de Proteção do Ambiente Cultural (Apac).

De acordo com o decreto, a medida foi tomada por causa da qualidade do “ambiente urbano construído” do bairro, que apresenta “bens culturais que constituem um valioso testemunho de várias fases de sua ocupação”, e que, por causa dos riscos decorrentes do processo de adensamento, precisa ter assegurada a “manutenção da qualidade ambiental, da paisagem urbana e da qualidade de vida”.

– Por sua origem projetada, o Grajaú tem qualidade de ambiência urbana para isso. O bairro tem um conjunto arquitetônico importante do início do século que deve ser preservado – explica Fajardo, que trabalha em parceria com em parceria com as secretarias de Urbanismo e de Meio Ambiente, acrescentando que a região é uma das que têm recebido especial atenção da prefeitura por ser contígua ao Maciço da Tijuca. – Esta definição permite a suspensão de um conjunto de licenciamentos que poderiam impactar a área a ser estudada pelos técnicos, para que se possa avançar na preservação dela.

Segundo o decreto, o bairro, assim como a Freguesia – que também se tornou uma AEIA, mas não passou a ser uma Apac porque os estudos posteriores concluíram que lá predominava a paisagem -, pertence à “Zona de Amortecimento” da Floresta da Tijuca, declarada Patrimônio da Humanidade na categoria Paisagem Cultural Urbana pela Unesco em 2012.

– As áreas contíguas à Floresta da Tijuca têm que manter essa ambiência – diz Fajardo, que ouviu um grupo de moradores do bairro preocupados com o futuro dele.

Fonte: Jornal O Globo Online – 21/02/2014