Os financiamentos imobiliários no Brasil bateram recorde em 2013, avançando 32% sobre o ano anterior, e a expectativa é de um crescimento de 15% em 2014, divulgou nesta terça-feira a Abecip, associação que representa as entidades de crédito imobiliário e poupança.

O volume de empréstimos para a aquisição e construção de imóveis com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somou R$ 109,2 bilhões no ano passado. Para 2014, a expectativa da associação é que os financiamentos cheguem a R$ 126 bilhões.

Em número de unidades, foram 529,8 mil imóveis financiados no acumulado de 2013, avanço de 17% sobre o consolidado do ano anterior, indicando que boa parte do aumento no volume foi calcado na subida dos preços — algo como 40% nas estimativas do presidente da Abecip, Octavio de Lazari Junior.

Em coletiva de imprensa, ele disse que os valores dos imóveis mudaram em função do perfil dos novos empreendimentos, com mais áreas de lazer, por exemplo. Ele também afirmou que houve incorporação do aumento dos custos.

“Descontado o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), os preços dos imóveis subiram 55% nos últimos 10 anos, ou 3,7% ao ano”, afirmou.

Descartando a existência de uma bolha no setor, ele reconheceu, por outro lado, que os preços continuarão em alta, mas “o ritmo do avanço não será acelerado”.

No mês de dezembro, somente, os financiamentos imobiliários cresceram 19% em número de unidades e 17% em recursos movimentados ante igual mês de 2012, a 50,9 mil unidades e R$ 10,4 bilhões. Em comunicado, a Abecip afirmou que a trajetória de recuperação do mercado imobiliário no país tornou-se “muito expressiva” a partir do segundo trimestre de 2013, depois de iniciar o ano com comportamento contido.

Lazari Junior lembrou que o ritmo de atividades superou as estimativas da entidade, que tinha projetado em meados do ano passado uma expansão anual de 15% a 20% nos financiamentos imobiliários em 2013.

“As empresas de construção civil superaram a fase de ajustes do ano anterior”, disse Lazari Junior, observando que o crescimento geral dos financiamentos imobiliários em 2012 havia sido de apenas 3,6%, ano caracterizado por “um freio de arrumação” por parte empresas do setor.

A busca dessas companhias por crédito imobiliário subiu 15% em 2013, a R$ 32,2 bilhões, depois de ter caído 20% em 2012, informou a Abecip.

Entre as pessoas físicas, o avanço foi de 41% no ano, a R$ 76,9 bilhões, sustentado, segundo Lazari Junior, pela manutenção dos chamados “pilares do crescimento” — emprego, renda, baixa inadimplência, e confiança do consumidor — a despeito da deterioração das expectativas macroeconômicas.

Para 2014, ele estimou que as duas categorias mostrarão aumento na procura por crédito imobiliário, mas com menor apetite: a expansão deverá ser de cerca de 30% para mutuários, e de 10% a 12% para as empresas.
Fonte: Jornal O Globo Online – 21/01/2014