Uma das joias arquitetônicas da cidade, o Costa Brava Clube, na Praia da Joatinga, foi tombado nesta quinta-feira por decreto do prefeito Eduardo Paes. Ao justificar a decisão, ele lembrou que o prédio, que remete à figura de um navio no mar, se situa na Ponta do Marisco com uma vista privilegiada para o mar, o Morro Dois Irmãos e a Pedra da Gávea. A iniciativa de propor o tombamento partiu da própria direção do clube, há dois anos.

Segundo o decreto, além da fachada devem ser preservados escadas, relevos, pisos, painéis e todos os equipamentos de lazer, inclusive as piscinas internas e externas.

O presidente do Costa Brava, Edson Ribeiro, explicou que o tombamento tenta assegurar o futuro do imóvel. O próximo passo é requerer a isenção de IPTU em troca do compromisso de manter em boas condições o complexo de lazer. Segundo ele, por ano, o Costa Brava paga entre R$ 350 mil e R$ 400 mil de IPTU.

– Assim como todos os clubes, a gente passa por dificuldades. O custo dos impostos é uma delas. A direção já recebeu propostas de vender a área para projetos de hotéis, por exemplo. Mas recusamos e acreditamos que o tombamento possa assegurar o futuro do clube – disse Ribeiro.

Construído pelos arquitetos Roberto e Renato Menescal em 1962, o clube foi concebido para ter até 3 mil sócios. Hoje são apenas 800. O título de sócio custa R$ 15 mil. O espaço também é muito requisitado para servir de cenário para sessões de fotos e festas.

Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, afirmou nesta quinta-feira que o tombamento do clube é o reconhecimento do trabalho dos arquitetos responsáveis pela construção da estrutura:

– O tombamento do Costa Brava é o reconhecimento do trabalho dos arquitetos Ricardo e Renato Menescal, arquitetos de caráter modernista responsáveis por trabalhos importantes como o Planetário do Rio, marcos da segunda geração do Modernismo no Rio. O modo como eles solucionaram problemas geográficos e introduziram elementos da natureza, como a piscina de água do mar, deram ao projeto arquitetônico um ar quase natural.

Fajardo disse ainda que o reconhecido do valor histórico e cultural do imóvel vai aumentar o acompanhamento da prefeitura.

– Tem ocorrido problemas na utilização do clube. E este tombamento é da arquitetura, na da bagunça. O tombamento é um sinal de que este é um clube com valor histórico e cultural. Portanto, é importante que ele seja tratado como tal. O reconhecimento traz ônus e bônus. Uma das consequências é o aumento do acompanhamento da prefeitura sobre o que acontece no imóvel – explicou.

Fonte: Jornal O Globo Online – 21/02/2014